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segunda-feira, 27 de março de 2017

Um teatro para todos V

As transformações que ocorrem nos grupos de Teatro e Comunidade acontecem se o colectivo permanecer muito tempo junto e realizar um grande número de actividades ou performances. Caso o grupo seja novo, ou o encontro seja espaçado no tempo ou de curta duração, em vez de acorrer uma transformação, ocorre somente uma “transportação”. O performer através de uma preparação ou aquecimento, deixa o seu dia-a-dia e é transportado para um lugar de sob elevação colectivo, regressando ao seu quotidiano quando a sessão terminar.

A transformação e a transportação, que são conseguidas através do clima ou ambiente colectivo que se proporciona, pode também ser descrito através de um conceito da psicologia “positiva”: O flow.
O que Mihaly Csikszentmihalyi, fundador do conceito, descreve que flow é um estado quase de “transe”, em que o participante deixa de fazer o que toda a gente está a executar, para se fundir nessa actividade. Os participantes podem ter consciência das suas acções, mas é quase uma consciência colectiva, em que “o limite entre o ‘self interior’ e a actividade executada se dissolve”, tornando-se numa unidade. O estado flow acontece quando os participantes sentem que a sua consciência do mundo quotidiano desaparece e se funde com as acções ou actividades que estão a realizar, levando-os a um envolvimento pleno e a uma extrema atenção no todo.

A transportação e a transformação que ocorrem nos grupos de Teatro e Comunidade, durante as suas performances, poderão ser duradoras no que concerne ao desenvolvimento humano, quer individual, quer comunitário. O desenvolvimento pessoal e comunitário é quase inevitável acontecer, pois os grupos de Teatro e Comunidade trabalham, num espaço de expressividade corporal, emocional e sensorial, experienciam a afiliação (segundo Carl Rogers, inerente ao desenvolvimento humano) e assumem o livre controlo das suas vidas, tornando-se mais activos nas decisões da sociedade.

Jacob Levy Moreno (1889-1974), apoiado em estudos sobre o inconsciente e o movimento/acção que surgiram nos finais do século XIX e no princípio do século XX, considerou que um óptimo desenvolvimento pessoal só acontece através de uma liberdade expressiva, como via para a procura de novos caminhos para a vida. Para Moreno, mais do que a utilização de palavras, é somente através da utilização da acção que o individuo encontrará vias alternativas na resolução dos seus problemas, que o ajudará no processo de transformação e da mudança.

Também durante a viragem para o século XX, grandes personalidades da história do teatro, preocupados e sensíveis com as questões da transformação do performer em palco, e de que forma as emoções e criatividade surgiam, criaram métodos e laboratórios para estudarem esses processos.
Um desses grandes nomes, que rompeu com a forma estilizada de fazer teatro nos finais no século XIX e que influenciou grandemente o teatro do século XX, foi Konstantin Stanislavski (1863-1938). Foi ele que desenvolveu o conceito “como se” [as if]. Quando os seus actores apresentavam dificuldades em demonstrar alguma emoção em palco, era-lhes sugerido que desempenham a acção “como se” ela acontecesse na vida real. Assim, Stanislavski salienta a importância que tem o inconsciente do actor na personagem que desenvolve em palco.


Também Jergy Grotowski (1933-1999), nos anos 70, preocupou-se com a criatividade e como ela acontece no ser humano. O trabalho desenvolvido no seu teatro laboratório, estava direcionado para a forma como proporcionar a todos uma redescoberta da experiência teatral e ritual, através de um verdadeiro encontro entre indivíduos. Para Grotowski, é através do mito e do ritual que as pessoas se aproximam mais (cont...)

DIA MUNDIAL DO TEATRO


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Um teatro para todos IV

Todos os grupos de Teatro e Comunidade são um espaço extra quotidiano, deste a cumplicidade entre os seus elementos durante o processo criativo, até à capacidade que o colectivo adquire, de tornar grandes as suas iniciativas e de intervir socialmente. É como se os participantes experienciassem uma espécie de transição, entre aquilo que fazem individualmente no seu dia-a-dia e o ­­que conseguem dizer, actuar e agir colectivamente.

Victor Turner avança o conceito de communitas: A normativa e a espontânea. 
Communitas espontânea é a que reflecte aquilo que acontece nos grupos de Teatro e Comunidade. Aqui as pessoas quase se transcendem e sentem um contacto íntimo com os restantes companheiros. Sentem que colectivamente alcançam outras metas, inalcançáveis individualmente. O ambiente de communitas espontânea é consiga nos grupos de Teatro e Comunidade, muito pela consciência e pelo saber de quem dirige ou facilita os trabalhos do grupo. Se bem que esse ambiente pode surgir por si só, cabe ao facilitador estar inteirado de tal facto, e criar as condições necessárias para tal acontecer.

O pedagogo ou director do grupo, de maneira a facilitar o contacto e a aproximação física e emocional dos intervenientes, deverá começar por insistir que naquele espaço, os performers/não-actores, vistam outro tipo de roupa (confortável de preferência), e retirem todos os artefactos usados no quotidiano (ex.: relógio, telemóvel, fios, anéis e pulseiras…). Devem acabar a socialização, e em silêncio começar uma actividade colectiva (ex.: o mesmo exercício, uma canção ou varrer o chão em conjunto, caso existam outras actividades naquele espaço), como se fosse um ritual, que é repetida em todas as sessões.


Estes procedimentos ritualizados ajudam os perfomers/não-actores a criar um sentimento comum, aquecendo-os para os trabalhos que vão decorrer. Consoante a nível dos trabalhos e os objectivos traçados para cada sessão, os performers poderão frequentemente experienciar transformações. 

terça-feira, 19 de abril de 2016

7º Congresso Internacional de Psicologia da Criança e do Adolescente

A adolescência é um período do desenvolvimento humano caracterizado por grandes transformações físicas, cognitivas e emocionais. Segundo estudos da Organização Mundial da Saúde, está a aumentar o números de jovens que não gere bem as suas emoções e afectos, originando comportamentos de impulsividade, de agressividade e de ansiedade. Se os seus contextos sociais não forem os mais adequados poderemos falar em desregulação emocional.

Utilizando metodologias do “novo” teatro e da psicologia, nomeadamente através de exercícios psicofísicos, sensoriais e emocionais, é possível criar um espaço extra quotidiano de auto-conhecimento e de encontro com o outro, originando uma melhor regulação emocional e comportamental.

Desenvolvo um trabalho baseado em técnicas de formação de ator que começaram a existir a partir do séc. XX e em psicoterapias de grupo. 

Apresentei no congresso na Universidade Lusíada, no dia 14 de Abril, uma amostra do trabalho que é possível fazer com crianças e adolescentes. Através de um conjunto de exercícios pensados para uma 1ª fase do trabalho, os participantes foram convidados a vivenciarem o inicio de um processo de auto-conhecimento.


A amostra que teve o nome de “Eu e o outro – Um contributo do teatro e da psicologia para a regulação emocional” teve um elevado número de participantes (18 congressistas) e uma boa receptividade. Site da Oficina.

Um teatro para todos III

Apesar do teatro comunitário privilegiar a criação colectiva, os seu promotores e directores criativos sabem que a criatividade individual promove o desenvolvimento pessoal e valoriza o processo, mas também o produto final.

Todo o ser humano é um potencial criador, mas durante o seu desenvolvimento, e muito por causa da normalização das sociedades, a sua criatividade é ofuscada por aquilo que o estado/pátria espera de si, como membro da nação. Mas quando é construído um espaço extra quotidiano, onde seja valorizada a criatividade através da acção, nomeadamente através da arte performativa do teatro, todo e qualquer individuo é capaz de revelar o seu potencial criativo.

No teatro comunitário, o potencial criativo é expresso através do auxilio de técnicas de improvisação, dos jogos teatrais e das capacidades artísticas pessoais (ex.: tocar um instrumento ou cantar), possibilitando aos elementos do grupo expressarem o que sabem e o que comportam, (re)educando-os para uma via estética. A abertura criativa permite uma maior receptividade à diferença, ao outro e permite uma maior capacidade crítica em relação a questões pessoais e sociais.

É através das improvisações, dos jogos teatrais, das capacidades artísticas individuais, das histórias de cada um e de temas fracturantes que a dramaturgia colectiva surge. Normalmente são temas que preocupam a comunidade ou que surgem de memórias comuns, e deverão ser aceites por todos. 


Toda esta envolvente extra quotidiana que existe nos grupos de teatro comunitário, até à capacidade que o colectivo adquire de tornar grandes as suas iniciativas e de intervir socialmente, é o que Victor Turner dá pelo nome de comunitas espontânea. Tudo acontece quando um grupo de pessoas utiliza o teatro comunitário (neste caso) para libertarem-se da vida quotidiana e criam um espaço colectivo de camaradagem ou uma antiestrutura.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Um teatro para todos

O teatro comunitário, através das suas técnicas e práticas, dá a oportunidade aos seus intervenientes de experienciarem um desenvolvimento pessoal e colectivo. Através de uma comunicação teatral e artística, promove laços afectivos e sociais entre os elementos dos grupos, dando “voz” aos problemas sociais e das comunidades.

Este teatro mais democrático pode adquirir outros nomes, conforme a sociedade onde cada grupo se encontra (ex.: na Itália adquire o nome Teatro social, enquanto nos E.U.A é chamado de Teatro Amador), surge sempre como uma necessidade colectiva de um grupo comunicar alguma necessidade ou preocupação através da linguagem teatral. 

O trabalho realizado, desde o processo artístico até ao produto final, embora valorize a criação pessoal, coloca a ênfase no colectivo e na temática que deseja abordar. Com a prática, os participantes descobrem que a sua individualidade cresce com o outro, e que o colectivo é enriquecido com o suporte de cada individualidade.


Todos os grupos de teatro comunitário trabalham também a inclusão e a integração. Todas as pessoas, de qualquer faixa etária, que queriam integrar o grupo e que sintam o teatro como uma forma de arte capaz de mudar a sua vida, de modo a ficar mais integrado na sociedade, e actuando perante ela, poderão fazê-lo. 
Todos os grupos de teatro comunitário, por terem um espirito de inclusão, “acreditam” que a experiência que cada elemento novo traz para o grupo valoriza o colectivo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Um teatro para todos

A ideia de um teatro feito para a comunidade e da comunidade, de modo que o seu processo e produto final chegassem a um maior número de pessoas é ancestral. No entanto, segundo Marcia Pompeo Nogueira (2009), é na transição para o século XX que existe uma maior aproximação do teatro a um público não burguês.

Por influência da filosofia marxista, onde o proletariado era a classe revolucionária capaz de conduzir a sociedade contra o capitalismo, houve uma necessidade de levar a educação, o conhecimento e o teatro até junto do povo. O aparecimento do chamado “teatro experimental” (ex.: não precisava de cenário, o palco podia ser em qualquer lado e o espectador podia ser actor) foi outra influência forte. Começava-se a fazer uma ruptura com o teatro tradicional, tornando-os acessíveis a todos (Nogueira, 2009).

Por detrás deste movimento, estava a ideia democrática de levar a todas as classes sociais, principalmente às mais desfavorecidas, métodos e ferramentas capazes de transformar e abalar a ideia hegemónica de que só a classe burguesa tinha a capacidade de intervir e decidir sobre questões políticas e sociais. Assim, tal como a saúde, a educação e a habitação (para citar Sérgio Godinho) que deveria ser um bem de todos, a arte teatral também constituía-se um direito universal.

Teatro Comunitário e Desenvolvimento Humano VI

Da perspectiva do desenvolvimento humano, foram abordados fundamentos e conceitos inerentes ao ser humano e à sua participação em grupos. 

A regulação dos seus comportamentos, das suas atitudes e acções só é efectuada na presença do outro, nomeadamente quando inserido em grupos.

O surgimento de estudos nos finais do século XIX e princípios do século XX, relacionados com o inconsciente, com o movimento/acção e com a intervenção social, vêm colocar à luz do dia aspectos ancestrais inerentes à condição humana. Por outro lado, a crescente preocupação de estudar e intervir em grupos e na comunidade, facilitou o entendimento de conceitos e dinâmicas dos grupos, e a forma como acontece a mudança individual e colectiva.

A forte ligação que os participantes sentem em relação ao colectivo e aos processos em Teatro e Comunidade, está intimamente ligado à necessidade da expressividade através da acção, à mudança pessoal, à necessidade de afiliação e ao poder que as pessoas adquirem de tomarem decisões pessoais e colectivas.


Todas estas características e todos os processos inerentes à prática teatral, que foram referidas nos parágrafos anteriores, provocam nos intervenientes nos grupos de Teatro e Comunidade uma espécie de constante antropológica, em que são despoletados sentimentos e necessidades ancestrais do ser humano.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Dia 10 de Outubro | Dia Mundial da Saúde Mental | 2015, dignidade na saúde mental

WHO | World Mental Health Day 2015

Teatro Comunitário e Desenvolvimento Humano V

A afiliação, outro conceito subjacente aos grupos de Teatro e Comunidade, segundo Carl Rogers (1902-1987), é uma tendência inerente a todo o ser humano para desenvolver capacidades de natureza socialA tendência que o ser humano tem para desenvolver capacidades pro-sociais, só encontra terreno fértil quando existem contextos favoráveis. 

Nos grupos de Teatro e Comunidade, são criados espaços de liberdade expressiva extraquotidiana, em que os participantes revelam o seu verdadeiro Eu de forma criativa e artística. Assim, quando os participantes se libertam das suas barreiras defensivas – utilizadas no dia-a-dia – e ficam receptivos ao outro, ao colectivo e ao ambiente de confiança gerado, entregam-se positivamente.

Outro conceito desenvolvido nos grupos de Teatro e Comunidade, ligado à psicologia comunitária, é o empowerment. Esta área da psicologia sistémica rejeita que haja disfunções individuais, como causa única, e defende o princípio de ajustamento do individuo ao seu meio. Procura intervir na comunidade para melhorar a adaptação do individuo ao seu contexto social, de forma a promover a mudança. A mudança acontece numa relação dinâmica entre o ser humano e os recursos existentes e disponíveis, e reflecte-se na qualidade da adaptação realizada.

Quando existe uma intervenção comunitária parte-se sempre do pressuposto que o grupo tem recursos próprios que são geradores de desenvolvimento, e que é necessário fazê-los despoletar para os conectar com as acções concretizadas pela comunidade. Nesta perspectiva, para acontecer mudança é necessário um envolvimento e uma identificação em relação a problemáticas individuais, sociais e politicas. 

A criação de espaços de contacto entre as pessoas, como os grupos de Teatro e Comunidade – acrescento eu –, facilita o contacto e o suporte social para favorecer o crescimento de competências de cidadania e democráticas. O contacto social e a troca de experiências, facilita o surgimento de novos recursos na resolução de problemas, e faz aumentar o interesse e a motivação para encontrar vias alternativas para a resolução das problemáticas pessoais e sociais. Desde modo, através da criação de associações comunitárias, de clubes e de grupos de Teatro e Comunidade, é criado um sistema de valores, ou empowerment.

A criação de um sistema de valores, ou empowerment, em Teatro e Comunidade, é um processo que “consiste (…) em facilitar ou criar contextos em que as pessoas isoladas ou silenciadas possam ser compreendidas, ter uma voz e influências sobre as decisões que lhes dizem directamente respeito ou de algum modo, afectem a sua vida” (Rappaport, 1992, citado por Ornelas, 1997, p.385).


As práticas de teatro com/para/na comunidade, dá a oportunidade aos seus intervenientes de experienciarem um desenvolvimento estético e democrático. Através de uma comunicação teatral e artística, promove laços afectivos e sociais entre os elementos dos grupos, dando “voz” aos problemas sociais e políticos das comunidades onde se encontram inseridos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Dia Mundial de Prevenção do Bullying

Todos temos o direito de viver a vida de forma condigna, pensar e agir de forma única.
Ninguém tem o direito de exercer violência física e psicológica perante o outro, unicamente por ser Gordo.. Magro... Portador de deficiência física e/ou psíquica..ser um Nerd..Introvertido..ou pertencente a algum grupo de minorias étnicas ou sexuais.
STOP BULLYING!

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Teatro Comunitário e Desenvolvimento Humano IV

Também com a preocupação e a integração do movimento/acção como forma de ajudar o individuo, existiram grandes personalidades do teatro que contribuíram para a forma como o drama (ou acção) e os métodos teatrais contribuem para um melhor desenvolvimento das pessoas e das comunidades.

Um desses grandes nomes, que rompeu com a forma estilizada de fazer teatro nos finais no século XIX e que influenciou grandemente o teatro do século XX, foi Konstantin Stanislavski (1863-1938). Foi ele que desenvolveu o conceito “como se” [as if].

Quando os seus actores apresentavam dificuldades em demonstrar alguma emoção em palco, era-lhes sugerido que desempenham a acção “como se” ela acontecesse na vida real. Assim, Stanislavski salienta a importância que tem o inconsciente do actor na personagem que desenvolve em palco.

Também Jergy Grotowski (1933-1999), nos anos 70, preocupou-se com a criatividade e como ela acontece no ser humano. O trabalho desenvolvido no seu teatro laboratório, estava direcionado para a forma como proporcionar a todos uma redescoberta da experiência teatral e ritual, através de um verdadeiro encontro entre indivíduos. Para Grotowski, é através do mito e do ritual que as pessoas se aproximam mais.

Tal como a participação em grupos faz parte da vida do ser humano, os rituais permitiram ao longo da história celebrar um evento, uma parceria, uma emancipação ou mesmo servir de mediação entre deuses e mortais. Os rituais contem uma grande expressão dramática, capaz de unir os seus participantes dentro de um contexto de grande consciencialização e experiência sensorial.


Através da experiência teatral e da expressão dramática o ser humano recria, através de metáforas, muitos cenários e imaginários patentes nos processos rituais. A experiência proporcionada pela utilização do drama possibilita o aparecimento de imagens e símbolos da vida social e pessoal. 

Desta forma, acontece uma inter mudança, entre o individuo e o outro, proporcionando uma maior “aprendizagem” devido à interacção com os outros.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Teatro Comunitário e o Desenvolvimento Humano III

Nestas communitas, os participantes encontram um espaço extraquotidiano, que lhes permite fazer uma espécie de ritual de transição, da vida rotineira quotidiana em que dá primazia ao individualismo, para um espaço de desenvolvimento pessoal e comunitário, através da arte e da acção.

O desenvolvimento pessoal e colectivo acontece, pois os grupos de Teatro e Comunidade trabalham num espaço de expressividade corporal, emocional e sensorial, experienciam o conceito de afiliação e assumem o livre controlo das suas vidas, tornando-se mais activos nas decisões da sociedade .

No que concerne à expressividade corporal, emocional e sensorial, o participante encontra no grupo e na actividade teatral que lhe está associada, uma liberdade expressiva, que é uma necessidade ancestral e inerente ao ser humano.

J. L. Moreno (1889-1974), apoiado em estudos sobre o inconsciente e o movimento/acção que surgiram nos finais do século XIX e princípios do século XX, fundou uma nova metodologia para ajudar os indivíduos a ultrapassarem as vicissitudes da vida e a melhorar os seus comportamentos, através do grupo e da acção – o psicodrama .

No seu modelo terapêutico, considerou que um óptimo desenvolvimento pessoal só acontecia através de uma liberdade expressiva, como via para a procura de novos caminhos para a vida. 

Para Moreno, mais do que a utilização de palavras, é somente através da utilização do drama (do grego acção) que o individuo encontrará vias alternativas na resolução dos seus problemas.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Teatro comunitário e o desenvolvimento humano II

O desenvolvimento humano acontece através de uma interacção entre o individuo e as outras pessoas, objectos e símbolos do meio ambiente envolvente. É sobretudo através do contacto com outros parceiros sociais que o individuo regula e adapta o seu comportamento. 

A relação que o ser humano estabelece com o contexto social, nomeadamente através da relação com o outro, é construtiva e informativa. É através desse contacto que verifica quais os seus melhores comportamentos, atitudes e acções adequada a cada situação.

É inevitável a presença do ser humano em grupos sociais. Desde a infância, nos jogos e nos grupos de pares, até à idade adulta, no emprego ou nas instituições, as interrelações acontecem em grupos.

A formação de grupos de Teatro e Comunidade, para além de colocar a prática e a actividade teatral ao dispor de grupos da população mais "fragilizadas" da sociedade, dá a oportunidade aos seus participantes de experimentarem um espaço de communitas – um conceito desenvolvido por Vitor Turner.


Nestas communitas, os participantes encontram um espaço extraquotidiano, que lhes permite fazer uma espécie de ritual de transição, da vida rotineira quotidiana em que dá primazia ao individualismo, para um espaço de desenvolvimento pessoal e comunitário, através da arte e da acção. 

Teatro comunitário e o desenvolvimento humano

A partir de hoje vou publicar, de forma periódica, uma série de textos dedicados ao Teatro que se faz com as comunidades. Procuro fazer uma ponte entre alguns aspectos que surgem durante o trabalho, as dinâmicas que acontecem nestes grupos e alguns conceitos da Psicologia, inerentes às relações interpessoais e ao desenvolvimento humano.    

Desse modo, serão abordadas algumas dinâmicas de Teatro com a Comunidade e conceitos como Acção, Afiliação e Empowerment.

A prática de Teatro com a Comunidade (por norma grupo de não-actores...ou actores não profissionais) mobiliza múltiplos conceitos oriundos de várias ciências sociais e humanas. Estou a falar nomeadamente de dinâmicas de grupo, do comportamento individual e colectivo do ser humano.


Estudos e investigações revelantes que surgiram no final do século XIX e no princípio do século XX, nomeadamente sobre o inconsciente, o movimento/acção, a natureza pro-social do ser humano e a intervenção social, abriram portas para a compreensão do comportamento humano numa relação constante entre as suas necessidades e os grupos sociais.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Pedagogia do Teatro em Comunidade

A pedagogia praticada em Teatro e Comunidade é uma pedagogia estética (o que Augusto Boal chama de pensamento sensível), através dos métodos e práticas teatrais. Os seus intervenientes experienciam uma liberdade expressiva, artística e criativa, e através de uma prática continuada, a solidariedade, a socialização, a auto regulação emocional e afectiva, assim como práticas de cidadania são uma constante
.
Através de uma estética própria que emerge do grupo, os seus intervenientes adquirem um equilíbrio emocional e cognitivo, importante para intervirem em sociedade de uma forma critica e não alienada. O intuito não é formar actores, mas sim proporcionar um espaço de pedagogia artística construtiva. O propósito é transmitir experiências ao grupo através da vivência com o outro e o contacto com os jogos teatrais. 

Pretende-se criar um espaço libertador, extraquotidiano (conceito de Eugenio Barba), para que possa surgir a criatividade. 

Para além dos jogos teatrais utilizados, que permite aos participantes um contacto com o lúdico e a conexão pessoal com material primário, as principais técnicas que o pedagogo deverá utilizar em teatro e comunidade são: As técnicas de Augusto Boal, a técnica de improvisação e o clown. Visto que os participantes destes grupos não são profissionais, estas técnicas permitem uma abordagem mais suave e menos incomodativa/intrusiva.

O pedagogo deve respeitar o tempo e espaço dos elementos do grupo. Deve saber observar comportamentos, saber ler o subtexto, deve saber ouvir e deve construir uma dramaturgia com o material que emerge durante o processo, para depois devolver à comunidade o produto, para posterior reflexão de todos (grupo e público).

domingo, 30 de novembro de 2014

IMPRO


    A técnica de IMPROvisação teatral está alicerçada na capacidade das pessoas serem espontâneas em contracena. 
Como o diálogo que acontece não é ensaiado, o óptimo desenrolar da cena depende do quão estão preparados os actores para o imprevisto.
          Para Keith Johnstone a espontaneidade, está intimamente ligada à criatividade e ao fomentar da imaginação, por isso privilegia a resposta espontânea  (a 1ª resposta) nos seus jogos e narrativas de improvisação. 
Para J. L. Moreno a espontaneidade é uma energia psíquica, que é gerada no momento em que o indivíduo tem que dar uma nova resposta (mas adequada) a uma situação. A espontaneidade surge num momento único sem o uso da cognição, como se de repente se acendesse uma luz brilhante num espaço escuro, capaz de mudar o rumo da situação de forma original e sem constrangimentos.
Na situação de improviso, o actor depara-se sempre com situações novas que requerem o exercício da espontaneidade, e as suas rápidas e originais respostas estão quase sempre livres de auto-julgamentos e pré-conceitos (que usualmente povoam as mentes). 
Com o exercício da espontaneidade promovem-se vias alternativas de resolução de problemas, que nunca seriam alcançadas através do raciocínio.

Para alguns teóricos (J. L. Moreno, David Kipper, por exemplo) espontaneidade e saúde são quase sinónimos. [cont.]

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

IMPRO II

[com a IMPROvisação] acontece uma grande liberdade expressiva, que é promovida pela resposta espontânea e pela livre iniciativa na escolha das actividades ( análogas a situações do dia a dia), em contexto de improvisação teatral. Essa liberdade expressiva cria uma grande flexibilidade psicológica, em que a tensão e o conflito (que acontece quando é necessário solucionar um problema quotidiano) são dissolvidos, e as potencialidades são libertadas no esforço espontâneo de satisfazer as necessidades da situação imediata. É num clima de liberdade e de abertura ao desconhecido que surge a espontaneidade, que é a primeira característica do acto criador.

         Através de jogos e de narrativas de improvisação acontece um grande desenvolvimento da expressividade (física e verbal) e da criatividade.  O actor/participante, ao deixar-se guiar pela energia psíquica momentânea, quando é confrontado com a situação nova em contracena reage com naturalidade, à surpresa, à novidade e à mudança, criando respostas novas e originais. É nesta energia que surge a livre expressividade e criatividade, dando azo a vias alternativas de resolução de problemas. O exercício da espontaneidade, entre outras capacidades, dá ao actor/participante a oportunidade de experimentar a liberdade expressiva e assumir com naturalidade as situações sociais e não-sociais com que se depara.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A linguagem teatral

A liberdade expressiva tem que ser regulada por um conjunto de sinais e símbolos estruturados e disciplinados, pois se tal não acontecer corre-se o risco de ser uma liberdade disforme, sem nexo e até dolorosa. Essa estruturação não limita os processos internos de se expressarem, dão-lhes sim uma linguagem capaz de regular e coordenar o impulso e a acção.

Neste sentido, o jogo teatral adquire na criança, a partir dos 7-8 anos de idade, uma dupla função: De liberdade e de regulação.
No jogo teatral, a criança encontra a oportunidade de praticar livremente, através da acção, as regras comportamentais inerentes a cada situação social e relacional. Através de um ambiente lúdico, ela pratica vários papéis sociais e aprende a controlar os seus impulsos ou desejos imediatos (regulação emocional), pois é “obrigada” a respeitar as regras do jogo.
Adquire também um maior controlo comportamental, porque por um lado submete os seus desejos imediatos às regras – retardando a satisfação imediata –, e por outro existe uma satisfação por as cumprir – sentimento de afiliação: uma das necessidades fulcrais no desenvolvimento humano. Cumprir as regras do jogo é uma fonte de prazer para a criança, motivando-a intrinsecamente, ao contrário das regras que lhe são impostas no plano social através dos pais e professores.
Aos poucos, a criança adquire novas formas de satisfação, isto é, começa a relacionar os desejos imediatos com o papel que desempenham no jogo e nas suas regras, adquirindo a capacidade de os adiar – um sinal de maturidade. Desta forma adquire grandes conquistas e feitos, que mais tarde balizarão as suas acções e atitudes em sociedade de forma positiva.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Functions of Education II

The main function of education is to highlight the subjectivity exists in every human being, and integrate that individual wealth in society, to form a diverse cultural uniqueness. This function is only achieved through Aesthetic Education. 

The Aesthetic Education, which encompasses all forms of artistic expression (eg .: music, dance, drawing, poetry and theater), is the most democratic and liberating way that should characterize the concept of education. 

It is an education model that promotes the human being, a harmonious balance between his inner world (feelings and emotions) and his external world (experiences and social events).

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A função da Educação II


A educação tem como função principal evidenciar a subjectividade existente em cada ser humano e integrar essa riqueza individual na sociedade, de modo a formar uma unicidade cultural diversificada. Essa função só é conseguida através de uma Educação Estética. 
A Educação Estética, que engloba todas as formas de expressividade artística (ex.: música, dança, desenho, poesia e teatro), é a forma mais democrática e libertadora que deve caracterizar o conceito de educação. 

Trata-se de um modelo de educação que promove, no ser humano, um equilíbrio harmonioso entre o seu mundo interno (sentimentos e emoções) e o seu mundo externo (experiências e acontecimentos sociais).

Algumas sociedades defendem que a educação deverá “eliminar” qualquer “idiossincrasia” individual, em prol daquilo que é determinado pela cultura vigente. Por outro lado, existem outras sociedades que defendem que as características individuais devem ser valorizadas pelo sistema de ensino, de modo a desenvolverem potencialidades que “permita uma infinita variação de tipos”.

Estas duas perspectivas de olhar para a educação têm um ponto em comum: A tentativa de integrar o individuo na “massa uniforme” da sociedade.

No entanto, numa verdadeira sociedade democrática o ser humano não pode ser visto como um objecto e “ser jogado para um molde e receber um selo de autenticação”. A única forma que a educação tem para preservar e valorizar a subjectividade humana é através de um princípio libertador. 

Dando liberdade aos indivíduos de expressividade não quer dizer que tenham opção em escolher entre o bem ou o mal (uma das funções que a educação tem, que pode levar à exclusão social), quer dizer sim,  que através de uma Educação Estética o individuo experiencia as qualidades positivas dadas pelo equilíbrio entre os seu mundo interno e externo, e por exclusão elimina naturalmente os “seus opostos”.

Functions of Education

The way we learn, how we remember, how we speak or think is possible only through active participation in a culture, as citizens of a society. 

We can only understand the mental activity of humans when we have into account the context and the cultural resources available to him online. 

A large percentage of mental activity takes place in the presence of the other and is designed to be communicative, manifesting itself with the help of codes and cultural traditions of each society.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

A Função da Educação

A forma como aprendemos, como recordamos, como falamos ou imaginamos só é possível através de uma participação activa numa cultura, como cidadãos de uma sociedade. Só podemos entender a actividade mental do ser humano quando temos em linha de conta o contexto e os recursos culturais acessíveis a ele. 
A grande percentagem da actividade mental realiza-se na presença do outro e é concebida para ser comunicacional, manifestando-se com a ajuda de códigos e das tradições culturais de cada sociedade.

A educação não ocorre somente nas salas de aula. Ocorre também à volta de uma mesa de um jantar familiar, onde os seus membros, através do diálogo, procuram fazer sentido para os vários acontecimentos que aí são abordados, ou quando alguém experiente explica a um jovem como se manipula uma máquina (...). Assim, quando se fala em educação, está-se a referir de facto à interacção entre a actividade mental e a qualidade/natureza da cultura predominante.

Todas as sociedades, com a premissa de reduzir a incerteza, perpetuar a cultura e a tradição dos seus povos, colocam ao dispor dos seus cidadãos um conjunto de ferramentas educacionais, de modo a capacitá-los intelectual e emocionalmente. Mas essas ferramentas educacionais que ficam ao dispor das pessoas para se realizarem pessoal e profissionalmente, reproduzem a própria cultura onde estão inseridas e servem os seus fins económicos e políticos.

Por exemplo, o sistema educacional de uma sociedade industrial deve produzir uma força laboral compatível com as suas necessidades, de forma a perpetuar-se. Assim, neste tipo de sociedade, é normal “educar” trabalhadores não qualificados ou semi-qualificados, quadros médios de empresas, gerentes médios, etc, etc…e todos esses cidadãos, ao embrenharem-se nesse sistema, ficam convencidos que aquela sociedade é a mais válida e a única maneira de viver.

Como as tendências para o desenvolvimento das sociedades vão-se transformando ao longo dos tempos, as medidas tomadas sobre o sistema educacional também sobrem alterações…por exemplo, mais recentemente, nesta actual conjuntura socio-económica, faculdades de países como a Inglaterra e a India estão a eliminar dos seus currículos o ensino das humanidades e das artes, em prol de disciplinas mais tecnológicas.

Todo o processo que envolve a busca do conhecimento, isto é, a aprendizagem de novos conceitos, a motivação e a atenção que são necessárias evidenciar, é intrapessoal (depende de características individuais) e interpessoal (depende de características contextuais e culturais).

Assim, embora a “educação” do ser humano dependa de si próprio, ele encontra-se inserido num contexto social que lhe é imposto, pelo sistema socio-económico vigente. Deste modo, é fácil imaginar o que pode acontecer a uma criança ou adolescente sôfrego de conhecimento mas onde os seus interesses não se coadunam com o sistema educacional proposto pela sua sociedade.

Michael Tchékhov (1891-1955) desenvolveu uma abordagem psicofísica ao trabalho do actor. Discípulo de Stanislavski e considerado por muitos o melhor actor russo do século XX. A sua técnica foi desenvolvida como uma via para aplicar condições arquetípicas comuns do ser humano à individualidade do actor



quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sumário dos resultados de um estudo sobre a Felicidade


Um recente estudo apresentado ontem no ISCTE|IU sugere o que já se suspeitava: O aumento do rendimento económico das famílias não dá felicidade às mesmas; Nas “sociedades modernas” as pessoas estão grandemente preocupadas e “ocupadas” em ganhar dinheiro (e gastá-lo), descurando as relações interpessoais.

Quando existe um aumento no nível de rendimento económico, existe um aumento da felicidade por breves momentos no tempo, mas quando a estabilização desce de nível, essa sensação de felicidade acaba. 
Parece que as pessoas estão preocupadas em ganhar mais dinheiro do que as outras.

Actualmente, como o nível de rendimento económico está tão baixo, é impossível manter bons níveis de felicidade.

Através da prática teatral, quer como performer, quer como participante de workshops que tenham a arte expressiva do teatro como pano de fundo, as relações interpessoais são fortemente trabalhadas, através da representação. Aliás, como se pode verificar na visualização dos 2 vídeos em baixo, na prática desta arte é fundamental a presença no momento e o contacto com o outro.

Porque faço Teatro

O Poder das Artes Expressivas


sexta-feira, 6 de julho de 2012

A EXPRESSIVIDADE É VIDA


Todos temos uma história.
Isto não é uma história.
Todos temos as nossas memórias, as nossas imagens, as nossas fotografias de vida.
Guardamos coisas. Empilhamos segredos.
Coisas que lemos, que descobrimos, que aprendemos, que ouvimos dizer.
Que sabemos.
Sentimos frio e sentimos calor.
Sentimos força e medo.
Sentimos raiva, paixão, amor, ternura, pena. Saudades.
Sonhamos com coisas impossíveis.
Não há impossíveis.
É a vida.
Isto não é uma história.
É um romance.
Não.
É uma comédia.
Não.
É uma tragédia.
Não, é a vida.
A cada um a sua sorte.
Não.
É a vida.
Isto não é uma história.
É a Vida.


Texto de Catarina Romão Gonçalves

sexta-feira, 29 de junho de 2012

IMPRO


A técnica de IMPROvisação teatral está alicerçada na capacidade das pessoas serem espontâneas em contracena, como o diálogo que acontece não é ensaiado, o ótimo desenrolar da cena depende do quão estão preparados os atores para o imprevisto.
          Para Keith Johnstone a espontaneidade, está intimamente ligada à criatividade e ao fomentar da imaginação, por isso privilegia a resposta espontanea (a 1ª resposta) nos seus jogos e narrativas de improvisação. 
Para J. L. Moreno a espontaneidade é uma energia psíquica que é gerada no momento em que o indivíduo tem que dar uma nova resposta (mas adequada) a uma situação. A espontaneidade surge num momento único sem o uso da cognição, como se de repente se acendesse uma luz brilhante num espaço escuro, capaz de mudar o rumo da situação de forma original e sem constrangimentos.
Na situação de improviso, o ator depara-se sempre com situações novas que requerem o exercício da espontaneidade, e as suas rápidas e originais respostas estão quase sempre livre dos “filtros sociais” (influências exteriores) que são inculcados pela sociedade. Com o exercício da espontaneidade promovem-se vias alternativas de resolução de problemas, que nunca seriam alcançadas através do raciocínio.
Para alguns teóricos (J. L. Moreno, David Kipper, por exemplo) espontaneidade e saúde são quase sinónimos. [cont.]

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O teatro de IMPROVisação é terapeutico. Relato de uma participante:


“I took an improv comedy class recently to add more fun and spontaneity to my life, and I got lots of those things, but I wasn't expecting it to feel so much like therapy. In a way, though, improv is just like play therapy for adults. It provides valuable counter-conditioning to help people face not just the pressures of performing spontaneous comedy in front of other people, but the pressures of of life in general.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Para quem quer saber o que é efetivamente a criatividade


Só é possível ser um criativo quando conseguirmos chocalhar as caixas que temos na cabeça e fazer aquilo que mais amamos. 

Gil Alon in TED

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Mais uma vez St. Maria !

Mais uma "intervenção" do dISPARarte Impro no hospital de S. Maria.
O espetáculo que criámos para aquele espaço agradou a crianças, a técnicos e a encarregados de educação que os acompanhavam.

A criança internada tem a sua imaginação enclausurada, pois para além da perda de identidade que tem ao entrar num hospital, muitas vezes fica impedida de brincar, devido à sua patologia.
Durante uma hora os nossos atores porporcionaram a essas crianças um imaginário adormecido.

Através da improvisação teatral foi possivel colocar crianças e adultos em sintonia, pois estavamos (público/atores), através da brincadeira [play], a exercitar e partilhar algo que é comum a todos nós: A imaginação.

Obrigado às Educadoras Rosário Botelho e Bárbara.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Para Uma Verdadeira Mudança I

Na grande maioria dos debates públicos atuais, existe um tema que se considera fulcral para a melhoria das sociedades, especialmente a portuguesa. Esse tema é a (re)educação das pessoas.
Por mais que debata o sistema ideológico-politico mais eficaz para as atuais sociedades, nomeadamente as europeias, existe um fator que emerge: A mudança de mentalidades.

De fato, quer determinada nação adopte como ideologia uma politica liberal, democrata cristã, social-democracia ou socialista, se não tiver em atenção as ideologias que assolam o inconsciente coletivo do seu povo está condenada ao fracasso. Não faltam exemplos de sociedades que adoptam a ideologia-politica X ou Y, mas o seu sistema educativo, social e de solidariedade funciona em pleno, de forma justa e equitativa.

Diz-nos o senso comum que para erradicar completamente um mal, tem-se que ir à sua raiz, ao seu cerne, não bastando simplesmente eliminá-lo pela rama. Na Europa, e em particular em Portugal, o sistema ideológico-politico muda constantemente, mas nada foi feito ainda para mudar o nosso inconsciente coletivo.
Quando o sistema político muda, cria-se nova legislação na educação, na justiça e na saúde, mas o modo como raciocinamos sobre as situações sociais ou como nos relacionamos com os outros continuam inalteradas há décadas. Por outras palavras: Corta-se a rama, porque se pensa que “mal” ai reside, para não se elimina a raiz, onde de fato o “mal” mora.

Na minha perspetiva, e de acordo com várias personalidades públicas, para haver uma real mudança na sociedade é necessário repensar o sistema educativo, isto é, mudar o paradigma educativo.
A grande mudança que se anuncia nestes tempos de crise económica é a mudança de mentalidade. A escola é um local por excelência onde deverá principiar essa mudança. A instituição escola deverá introduzir, de forma inequívoca, espaços onde as crianças e jovens possam se expressar livremente, de forma a fomentar a criatividade existente de cada um. Somente através de futuros cidadãos livres no pensamento e com flexibilidade para pensar em várias soluções para os problemas com que se deparam na vida, quer pessoal, quer profissional, se constrói uma salutar mudança no inconsciente coletivo.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Para Uma Verdadeira Mudança II

Seria muito ambicioso da minha parte pôr em questão todo o sistema educativo atual, primeiro porque existem assuntos que me escapam, e segundo porque existe nele questões que concordo.

No entanto, existe um aspeto (para mim fulcral) que o atual sistema privilegia em detrimento do processo de desenvolvimento socio-emocional da criança e do adolescente: O produto final.

No que diz respeito ao atual conteúdo programático da expressão dramática para o ensino básico, concordo em quase toda a sua extensão, mas coloco algumas reticências em relação à sua eficácia: Primeiro devido ao atual número de alunos por turma, e segundo devido à carga horária destinada à sua prática. Não pondo em causa os técnicos que elaboraram tal programa, questiono-me quanto aos resultados obtidos.

Quando proponho a utilização dos jogos teatrais e de improvisação para o desenvolvimento socio-emocional, da linguagem e da criatividade da criança e do adolescente, estou a pensar num espaço de liberdade e de espontaneidade.
Neste espaço de liberdade e de espontaneidade, o líder (do latim "o que conduz" - que pode ser o professor) está presente como mero facilitador do processo de desenvolvimento da criança - como mero "veiculo" condutor. "O que conduz" deve privilegiar o erro como uma forma de progressão no desenvolvimento dos participantes; não deve criticar; não deve indicar caminhos nem soluções, mas sim facilitar o processo (dando-lhes exercícios) para os participantes o alcançarem.

Só quando a criança e o adolescente virem no líder um companheiro mais velho e com mais experiência naquela área, é que se sentirão à vontade para se expressarem de uma forma livre e espontânea. Só nessa altura é que surge a criatividade.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mudança de paradigma na educação!


Na sequência da sua já lendária palestra de 2006, Sir Ken Robinson demonstra-nos como é necessário fazer uma mudança radical no processo ensino-aprendizagem, para que seja possível criar condições para que as aptidões naturais das crianças possam desabrochar livremente.

TED_feb2010

domingo, 2 de outubro de 2011


Um pioneiro na pesquisa sobre o ato de brincar, Stuart Brown, diz que o humor, os jogos, a algazarra e a fantasia são mais do que simples diversão. Brincar bastante na infância gera adultos espertos e felizes. Continuar a fazer isso faz-nos mais inteligentes em qualquer idade.

domingo, 11 de setembro de 2011